Eu assumo. Não tenho maturidade para lidar com algumas crianças.
Lido muito bem com a Oli – ou ao menos acho que lido. Também convivo numa boa com
crianças divertidas, sapecas, educadas e tranquilas. Gosto de ver as crianças
brincando e se divertindo. Interajo com elas. Porém, não sei lidar com crianças
encrenqueiras.
Sim, porque tem criança que tem um quê de maldade embutido
nelas. E tendo convivido muito em ambientes infantis, posso detectar uma que
vai dar problema só de olhar. São aqueles que empurram sem mais nem menos, que
arrancam os brinquedos dos menores só porque percebem que estão se divertindo,
que batem em quem acabaram de conhecer, que atrapalham a brincadeira dos outros
sem o menor motivo, que ficam espreitando um outro que está distraído só para
fazer alguma brincadeira maldosa.
Eu não sou psicóloga, terapeuta ou nada parecido, e nem
quero aqui tentar entender ou explicar o que faz estas crianças serem assim.
Estou apenas reconhecendo que com esses eu não sei lidar. E me sinto muito mal
com isso. Afinal, sou mãe, sou adulta, tenho vivencia e deveria saber tirar de
letra uma situação dessas. No entanto, quando um desses terríveis chega em um
lugar que estou com a Oli, eu dou uma de mãe-helicóptero e fico por perto só
para ver no que vai dar.
Para mim, é angustiante ver que do nada vem uma criança e
bate na minha filha. Que a empurra do tico-tico. Que joga uma pá de areia na
cabeça dela. Que grita com ela só porque ela passou perto da brincadeira. Eu
sei que, como mãe, devo aprender a me afastar, e deixa-la viver e se defender,
afinal, a estou criando para um mundo nada gentil – infelizmente. E na maioria
das vezes ela se defende. Ela não recua, como boa ariana que é.
Tem vezes que ela entende a agressão e fica triste. Na minha
cabeça ela entende que de alguma forma foi agredida, porém não entende a razão.
Afinal, ela não é agressiva. E ainda é muito pequena para entender o que tento
explicar. Coisas como: o “amiguinho” não quer brincar com você agora, ou o
“amiguinho” quer brincar com esse brinquedo e não consegue esperar a vez dele,
ou o “amiguinho” parece estar nervoso, então fique longe dele.
Ainda assim, eu explico. E com o tempo ela vai entender e
respeitar ainda mais o espaço do outro, ainda que o seu próprio espaço não seja
respeitado. E não que a Oli seja santa. Ela é criança e também está sujeita a
maus dias. Porém, nunca a vi agredir alguém gratuitamente.
E tem as vezes que o agressor é uma criança maior. Que tem
mais força, mais destreza. E muitas vezes não tem ninguém responsável por ele
acompanhando as atitudes e com a qual eu possa dividir o meu desconforto. Às
vezes a pessoa até está lá, mas não está acompanhando, entendem? E nessas
situações, eu simplesmente pego a Oli e a levo para outro lugar. Afinal, os
incomodados que se retirem.
E eu acho isso tão injusto, porque até ela ser agredida, a
diversão existia e o incômodo não.
Ainda está longe de mim perder a razão e interferir
diretamente na “brincadeira” das crianças. Aí acho que o meu nível de
maturidade realmente seria nulo. Porém, esse tem sido um exercício diário que
tenho feito. Aprender a lidar. Amadurecer. E me sinto ainda muito despreparada
para enfrentar essas situações.
Não dá para protege-la do mundo. Não quero ensiná-la a bater
de volta. E ainda não sei como lidar. Porque quando é o filho da gente que tá
errado, a gente deve tomar as rédeas, ensinar a conviver em sociedade e tal. E
quando não é, como faz?
Essa coisa de ser mãe/pai é muito difícil. E muito mais difícil
fica quando as mães/pais das outras crianças não estão atentando para os seus
próprios filhos.
#prontofalei!