Quando a gente diz que quer engravidar, ou mesmo fica
grávida todo mundo só tem coisas bacanas para nos dizer. Dizem que ser mãe é a
melhor coisa do mundo (e é mesmo).
Aí, a gente pergunta das coisas difíceis sobre ser mãe e o
máximo que nos dizem é: “Ah, você vai passar a dormir menos”, ou “Aproveite
para sair bastante agora, porque depois é mais difícil”... Então, a gente pensa
que com a gente vai ser diferente, e que mesmo que seja só isso, a gente dá
conta.
E não é só isso, não.
O que ninguém conta pra gente é que:
1. Mesmo tendo ajuda em casa, o tempo parece não render para
nada. Principalmente nos 3 primeiros meses. A gente planeja fazer um monte de
coisa, mas não consegue. Um dia é porque o bebê está com o sono irregular,
outro é porque ele quer ficar no colo, outro é porque está demorando mais que o
normal para mamar e por aí vai. Eu ainda sou super controladora e gosto de
fazer todas as coisas da Oli sozinha, aí o tempo rende ainda menos. Então,
aproveite bem o tempo livre e valorize os momentos nos quais você não tem
absolutamente nada para fazer.
2. Aquela história de “aproveite para dormir enquanto o bebê
dorme” é balela. Não conheço uma mãe que tenha conseguido fazer isso à risca.
Até porque, quando o bebê dorme é a hora que temos para checar e-mails, olhar
as redes sociais – e postar mil fotos fofas do bebê, ir ao banheiro, tomar
banho, comer, retornar ligações perdidas, arrumar as coisas e por aí vai. Ah,
vigiar o sono do bebê também ocupa espaço nessa agenda apertada. Então, se
alguém te disser isso, apenas sorria, balance a cabeça e siga em frente.
3. Quando o bebê nasce, a gente parece se tornar invisível –
para os outros e não para o bebê, que sente nossa presença mesmo que na sala ao
lado. Isso porque ele é adorável, e vira o centro das atenções. Principalmente
dentro da família. Aí, quando você chega com o bebê na casa da família, todo
mundo corre para dar atenção ao bebê, e esquecem de te dar oi, perguntar se
você está bem. E as conversas passam a girar em torno dos assuntos: sono do
bebê, alimentação do bebê e fezes do bebê. Sim, falar de coco, mesmo durante as
refeições passa a ser normal. E no começo você nem vai se importar, mas passado
um tempo, começa a cansar e você também quer ter conversas de adulto, falar de
política, falar da novela ou falar de qualquer outra coisa... E vai se sentir
mal por isso.
4. Tem dias que parecem o “dia da marmota”. Sim, você passa
dia após dia achando que está vivendo exatamente a mesma coisa. E fica com a
sensação de que nada do que fez é importante ou vale ser contado durante o
jantar, afinal, todo dia é “igual”. Isso passa, lá pelo 4º mês.
5. Nos dois primeiros meses, a vaidade sai de férias. Você
pode passar o dia de pijama e nem perceber. Também é possível que você esqueça
de escovar os dentes ou escovar os cabelos e só vai perceber quando chegar uma
visita de última hora.
6. Amamentar é muito gostoso, uma vez que se tenha pegado o
jeito. Até lá, é difícil pacas. Sim, há mães que parecem ter sido feitas para
isso – e se for o seu caso, não faça parecer tão fácil, pois magoa a outra mãe
- , mas outras pobres mortais, como eu, apanham no começo. No início é
desconfortável, a gente fica insegura se o bebê está mamando o suficiente, o
leite vaza, o cheiro do leite gruda na gente, o bebê dorme no meio da mamada
(quando deveria dormir no berço para você poder fazer suas coisas)... Porém, no
fim compensa.
7. Desmamar é ainda mais difícil. No caso da Oli tivemos que
desmamar de sopetão, por conta da alergia alimentar. Mesmo com uma dieta
rigorosa, ela não estabilizava e eu estava exausta de vê-la desconfortável. Aí,
passamos ela pra fórmula de um dia pro outro. Eu sofri não apenas
emocionalmente, mas fisicamente. Aliás, dica: se por qualquer motivo precisar
desmamar seu bebê, sem que ele o esteja fazendo naturalmente, faça o desmame
gradativamente. Eu tive até que tomar anti-inflamatório, por mais de 1 semana.
Mas passou, o leite secou e o peito também.
8. Tem vezes que a gente sente que está sozinha.
Principalmente no comecinho, o sentimento de solidão acompanhado de alguma
tristeza pode aparecer. Mesmo que você tenha ao seu lado a melhor companhia de
todas, a do bebê. Conforme ele começar a interagir mais com você, estes momentos
tendem a rarear.
9. Ainda que tenhamos o enorme privilégio de desfrutar
exclusivamente do dia a dia do bebê, a gente pode ter momentos nos quais
achamos tudo muito injusto. Sim, porque no fim é a mãe que abre mão de muita
coisa para ser mãe, mesmo que tenha ajuda. Isso porque, tem muita coisa que só
nós mães podemos/sabemos fazer, até por conta do intensivão dos 4 meses. O pai
vai continuar indo a happy hours, viajando a trabalho, praticando esportes e a
mãe acaba colocando tudo em 2º ou 10º plano pelo bebê.
10. O primeiro filho é como um vazamento “oculto” de
dinheiro. O dinheiro não rende, tem sempre coisa que precisa ser comprada e
mesmo com muito planejamento, imprevistos acontecem. E aí, quem acha que foi
muito esperto e comprou tudo da lista de enxoval mais famosa que circula pela
internet percebe que não fez tão bom negócio. Afinal, cada bebê é um bebê, com
necessidades específicas. E aí, corre vc pra comprar um monte de coisa nova
para se adequar à realidade do seu bebê e aquelas lindas e “indispensáveis” do
enxoval ficam de escanteio. (ainda faço um post sobre isso...)
11. A gente faz o nosso melhor pelo bebê e sempre vai
aparecer alguém para te dizer como fazer diferente e melhor. Também vão cruzar
o seu caminho as super mães, com seus bebês perfeitos que dormem a noite toda –
inclusive, que adormecem sozinhos no berço – e não choram para nos fazer sentir
absolutamente inábeis. E isso incomoda além da conta.
12. Mesmo quem sempre teve a melhor das memórias, passa a
sofrer com esquecimentos recorrentes. Aqui, uso o discurso do meu obstetra,
quando me queixei que eu andava esquecida, durante a gravidez: Isso não é
verdade. A gente apenas passa a ter coisas mais importantes para pensar e
lembrar. Acho que a privação de sono também exerce influência. (Falando sério,
eu não sei o que aconteceu com a minha memória. E quem me conhece de antes de
engravidar sabe que ela era excepcional. Agora vivo esquecendo tudo)
13. Algumas pessoas vão te dizer algo como “Nossa, você
parece exausta!” achando que isso é um elogio à mãe dedicada. Eles não pensam
nem por um instante que você pode entender algo como “Nossa, como você está
acabada!”. Então a gente tem que aprender a abstrair. Deste e de muitos outros
comentários que vamos ouvir.
14. Alguns amigos somem depois que a gente tem filhos.
Principalmente os amigos que não estão nesta fase, nem perto. Isso porque a
gente acaba tendo mais dificuldade para sair como antigamente. Minha dica aqui
é tentar substituir os jantares fora e baladas, por almoços fora e jantares em
casa, com os amigos.
15. A gente vai pagar peitinho inúmeras vezes, sem querer
(não estou falando de amamentar em público) ao pegar no colo, abaixar, falar ou
brincar com o bebê, e ninguém vai ter coragem de te avisar. Então, a dica é:
evite decotes, camisas de botão sem uma regata por baixo ou blusas com a gola
mais solta.
Este post (ultra mega longo) pode parecer meio negativo, mas
não é. Este é um post humano, escrito por uma mãe de primeira viagem muito realizada
para dizer que ser mãe é bem difícil.
A gente tem pressa para que tudo passe logo e depois fica
morrendo de saudades. Isso é verdade. Eu não tenho saudades dos 3 primeiros
meses, pois foram super difíceis. Porém, tenho saudades dela bem pequenininha, dela
aninhadinha no meu colo para dormir ou para mamar, entre outras coisas. E dizem
que no fim a gente esquece das coisas difíceis e apenas sente saudades. E aí
vem a vontade do outro filho. Aqui em casa isso ainda não aconteceu... (ufa!)
Então, basta se preparar para a jornada e aproveitar cada
instante, bom e ruim, e tudo que essa vivência tem para nos ensinar sobre
sermos humanos.