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terça-feira, 2 de agosto de 2016

A volta para o mercado (ou a tentativa de)

Fato: Na vida nada é fácil. Nada vem de graça. Nada vem sem algum esforço ou sacrifício.

Te falo que a maternidade, pra mim, é uma das experiências mais recompensadoras que existe, porém também não é fácil. Isso porque muitas vezes há momentos que eu sinto estar passando por uma fase ingrata. Afinal, a maternidade é uma experiência mega complexa construída por fases. E toda fase passa. E cada fase superada deixa um aprendizado.

E a fase em que me encontro atualmente é a de tentar voltar ao mercado de trabalho formal, após 3 anos “ausente” (sim, porque nesse tempo eu continuei tocando meus freelas e projetos de conteúdo, mas parece que isso não conta muito), e conseguir conciliar isso com a Oli.

As mães que trabalham vão ler isso e dizer: eu faço isso todo dia. Dá para ser feito.

E eu acredito. De verdade. Senão, não estaria aqui dando minha cara à tapa no mercado. E entendo perfeitamente que o momento não é dos melhores, devido à crise, mas em algum momento eu tentaria voltar. 

Mas antes de voltar ao mercado, a gente passa pelo processo de procura, de seleção e também de rejeição. Se você é uma mãe que resolveu parar de trabalhar por um tempo, para então retomar, vai se identificar comigo.

Conversando com mulheres que se encontram na mesma fase que eu, encontrei uma constante. Não sei direito como funciona no meio coorporativo, mas se ausentar do mercado de trabalho para se dedicar aos filhos é visto como um período sabático. Sim, um gap no seu currículo, que parece significar que você ficou em casa fazendo nada por algum tempo.

Meus amigos e recrutadores, a dedicação integral aos filhos é paulera. Falo de aspectos físicos, intelectuais, emocionais e financeiros também. Afinal, sai de cena o salário de um, sem que saia de cena custos extras também. Aliás, os custos extras começam a aparecer e não somem mais. Porque uma vez que você tenha filhos, você passa a lidar com custos extras diariamente.

E para o pai ou mãe que resolveu ficar em casa para lidar e administrar essa nova realidade, nada fácil. Porém, tudo se transforma num gigante aprendizado.

Mas aí que está. O mundo coorporativo não enxerga isso.

Eu comecei a participar de processos seletivos recentemente. Enviei muitos currículos, e obtive algo próximo a zero retorno. Retorno mesmo, eu obtive de vagas para as quais fui indicada. Nas entrevistas, minhas e de amigas que me relataram o mesmo, a mulher com filhos é sabatinada com um questionário padrão:

- Quantos filhos você tem?

- Quantos anos tem seu(s) filho(s)?

- Quem cuida dele(s)?

- Você tem uma estrutura de apoio para seus filhos (escola, babá, parentes, clube, etc)?

- Como é a sua disponibilidade, digo, se precisar trabalhar horas extras ou viajar, como você se adapta?

- Você tem pique para trabalhar?

- Você pretende ter mais filhos?

E tenho certeza de que há outras perguntas que são feitas por aí. Chega a ser invasivo, para dizer o mínimo.

É como se de repente, tendo um filho você deixasse de ser apta ou mesmo adequada para a função. Desconsidera-se toda a sua bagagem acadêmica e profissional, porque você parou algum tempo para cuidar dos seus filhos.

(Tem inclusive alguns vídeos muito legais jogando uma luz sobre o tema. Finalmente!)

E o curioso é que nunca essas perguntas são feitas para um pai. Inclusive, raras sãos as vezes que um homem é questionado sequer sobre ter filhos ou plano de tê-los. E nem vou me alongar muito aqui: é algo histórico. Se a criança fica doente, quem falta no trabalho geralmente é a mãe.

A preocupação com a contratação de mulheres começa na intenção dela de ter filhos e continua mesmo após ela tê-los, cria-los e encaminha-los em alguma estrutura de cuidado/educação. Se você é uma mulher tão apta para uma vaga quanto um candidato homem, normalmente, quem fica com a vaga é o homem.

Do lado das empresas eu também entendo: é caro custear licença maternidade. É caro ter mais gente no plano de saúde. É caro ter alguém que vez ou outra terá que faltar para dar conta dos problemas com os filhos. Porém, é muito mais caro ter gente inadequada para o trabalho. E para conter esse custo, vale dar uma revisada no padrão atual de contratação.

As Mães que querem voltar ao mercado de trabalho tem muito mais fôlego do que as empresas podem imaginar. Pelo menos a grande maioria tem. Eu te garanto.

E se a sua empresa estiver procurando alguém para a área de comunicação e/ou marketing, me chama para conversar ;-)

Eu tenho quase 15 anos de experiência no mercado, entre empresas e agências, e estou com o maior pique para voltar. =)


Quem aí está nessa fase e tem experiências para compartilhar?