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domingo, 18 de maio de 2014

O filho dos outros

Na maternidade passei a ouvir um expressão curiosa: “o filho dos outros”. Para quem não conhece, eu explico: ela se refere ao bebê-anjo, mama-e-dorme do qual sempre ouvimos falar e o qual desejamos ter durante toda a gravidez. Assim que nascem, 99% dos bebês nos encantam com a possibilidade de ser um “filho dos outros”. Sim, porque lá ele ainda está exausto do parto e do processo de adaptação ao mundo fora da barriga, além de ter uma reserva alimentar dos tempos da barriga e se mantém um bebe mama-e-dorme pelos primeiros dias.

Aí, a gente chega em casa e descobre que o nosso bebê tem personalidade própria e que não quer ser um “filho dos outros”. Bom, pelo menos esta está sendo minha experiência com a Oli. Ela é um bebê delícia, adora um colinho, cafuné, é super esperta, porém geniosa e metódica (não sei de quem ela puxou...rsrsrs). Ela aparenta saber o quer e aciona a sirene para que captemos a mensagem. 

A Oli briga com o sono, como se ele fosse morde-la assim que ela fechar os olhos. Colocá-la para dormir tem sido uma missão, que só é bem sucedida seguindo um ritual que mescla as táticas da encantadora de bebês com as do bebê mais feliz do pedaço, mais uns truques improvisados. E nisso se vão 30 a 40 minutos, pois a ideia é que ela se acostume a dormir por conta própria e no berço. De mim, essa tarefa demanda muita disciplina. Há dias em que estou exausta, dormindo em pé ao lado do berço, mas se pulo alguma etapa, tenho que começar do zero.

Oli em momento soninho pós-mamada


Aliás, um alerta para as novas mães: muito cuidado ao levar ao pé da letra o que se lê nos livros. Por experiência própria eu digo, às vezes, muitas vezes, mais vale o seu instinto do que um manual padronizado.

Para deixar tudo mais interessante, a pequena sofre com refluxo e gases. Então após a mamada ela precisa de um tempo antes de ser deitada no berço, que conta com colchão antirrefluxo, assim como o trocador, o que significa que às vezes perdemos a oportunidade em que ela está com mais sono para ser colocada pra dormir.

E então conseguimos faze-la dormir e após alguns minutos ela começa a fazer força e ficar vermelha. São os gases presos. E nesse momento ela acaba acordando e começamos tudo de novo. Pelo menos o desconforto decorrente do refluxo parece que estamos conseguindo contornar. Ela está tomando um antiácido que minimiza a dor causada pela acidez e de quebra ainda dá um soninho. 

E tem dias que são mais difíceis do que se é possível imaginar. A última 4ª feira foi assim. Começou com uma madrugada insone (2 horas dormidas ao todo), porque a Oli estava super desconfortável com gases e refluxo, e se refletiu no dia que amanheceu, com ela cansada, chorosa e eu também. Ela rejeitou as mamadas, não relaxava com nenhuma das técnicas ou acessórios que ela costuma gostar, e parecia sentir muito desconforto. E aí, o cansaço a venceu de noite e ela dormiu. Nesses dias eu considero contratar ajuda.

Dia seguinte é um novo dia. Ela resolve ter um dia de “filho dos outros”. E a noite também. E aí eu digo pra mim mesma que não preciso de ajuda profissional. Eu, com minha mãe 2 x por semana e o maridão nas manhãs, noites e finais de semana, damos conta.

Pode parecer insensato da minha parte, mas me recuso a me entregar. E olhando pra trás, a gente evoluiu tanto. E acho que a tendência é continuar assim. O importante é estar preparada e lembrar que alguns dias serão difíceis e outros nem tanto. E insistindo e me dedicando, quem sabe não teremos um futuro com mais dias de “filho dos outros”? Aliás, quem tiver dicas sobre como contornar os dias difíceis, pode compartilhar. 

E querem saber? Eu agradeço todo dia pela filha que eu tenho. Ela não é “filho dos outros”, e por ser como é me faz querer ser melhor a cada dia, para poder honrar a escolha dela de me ter como mãe. Gente, e como é possível a gente amar tanto??? Ela briga, chora, esperneia, mas basta um aconcheguinho, ou um esboço de sorriso que eu me sinto a pessoa mais feliz e abençoada do mundo por ter esse neném na minha vida.

Até o próximo post.

terça-feira, 6 de maio de 2014

O Recomeço

Entre uma mamada e outra, encontrei um tempinho para escrever. A verdade nua e crua é que quando me diziam o quão difícil é o primeiro mês com um bebê novinho em casa, eu nunca acreditei. A primeira semana, então, é o caos. E assim, acabei comprovando o que sempre me disseram. Vamos lá?

Como eu já havia dito em algum post anterior, eu optei por não ter babá. (Tenho vários motivos para ter feito essa escolha e quem sabe um dia isso ainda renda um post.) Por outro lado, eu tive a enorme sorte de contar com uma família super disposta a ajudar. Minha mãe praticamente se mudou para nossa casa nos primeiros 20 dias (e continua vindo 2 x por semana para me dar uma folga), minha sogra conseguiu nos ajudar intensamente na 1ª semana, até não poder mais por motivo de força maior, o maridão se mostrou um pai incrível e um marido ainda mais sensacional do que eu poderia imaginar e por ai vai.

Ainda assim, é difícil pacas. A gente nunca dá muito valor a coisas simples até se ver privado delas. Isso inclui poder ir ao banheiro quando tem vontade, dormir bem por ao menos 6 horas consecutivas, fazer as refeições junto com o resto da família, atender telefonemas, tomar banho quando quer e ainda poder lavar bem o cabelo, entre outras coisas.

E a gente tem que aprender a organizar a vida de forma a não enlouquecer. Afinal, não é porque virei mãe que deixei de ser esposa, mulher e ter uma empresa que depende só de mim para acontecer. Então tive que aprender a me organizar na marra. E nesse processo a gente vai descobrindo que é capaz de muita coisa que nem imaginava. Inclusive dizer não. Sim, porque nesse primeiro mês, ainda tentando criar uma rotina pro bebê, receber visitas em casa não é fácil. Ainda mais se é visita-vista, do tipo que você precisa fazer sala. Simplesmente não dá. O negócio é saber, educadamente, recusar o pedido da visita e posterga-la até o próximo mês, ou quando você sentir que as coisas estão mais em ordem. Agora, se for visita-mão-na-massa, aí sim, é sempre bem-vindo.

E aqui vai uma dica: Namorar o seu bebê é irresistível. Porém, consome valiosos minutos que poderiam ser aplicados em sonecas, organização das suas coisas e das coisas do bebê ou mesmo atividades comuns, como escovar os dentes. Por isso, procure se controlar. É difícil, eu sei bem, mas é pro seu bem e para o bem do seu bebê. Aproveite os momentos como as mamadas para namorá-lo bastante.

Voltando: A primeira semana foi bem difícil. Os 3 primeiros dias, quase impossíveis. Porém, calma. Como eu havia dito no post anterior, eu cheguei em casa da maternidade sem saber amamentar e com um bebê faminto e irritado. O resultado disso foram horas seguidas de choro (dela e meu). No meu caso, entendo que tem a ver com o desequilíbrio hormonal pelo qual passei após o parto, intensificado pela sensação de impotência de não conseguir acalmar e suprir as necessidades da minha filhota. A partir do momento que a questão da alimentação foi solucionada, com a ajuda da enfermeira expert em amamentação, todos os demais problemas melhoraram. E estou falando de experiência pessoal. Há quem tenha achado tudo muito tranquilo desde o início.

Até semana passada a Olívia não gostava de tomar banho. E era um escândalo toda vez. Aí, a tia Van me ensinou a segurar a Olivia da forma mais confortável possível para ela, de barriga pra baixo. E agora ela chora para sair do banho. Antes ela também não dormia se eu não a embalasse antes. Agora a coloco acordada no berço, faço um pouco de companhia e ela adormece sozinha. Sim, tem um chororô antes, mas procuro manter a calma, fazer um carinho e conversar com ela para que ela possa relaxar.



Com exatos 15 dias ela entrou na fase das cólicas. Tadinha... A gente sofre junto. Um choro sentido, acompanhado de uma carinha que expressa toda a dor que ela sente, acompanhado de lágrimas. Para amenizar e com a indicação do pediatra, começamos um tratamento com Colic Calm 4 vezes ao dia, tenha ou não tenha cólica. E isso também melhorou. O problema maior agora continua sendo de origem digestiva: ela tem muitos gases. E todos nós sabemos, pum preso dói! Além disso, ela é mega gulosa e sempre quer mamar mais do que consegue, o que resulta em regurgitação depois, que também incomoda.

Eu achei tranquilo cuidar do umbigo. Ele demorou para cair (ela tinha 19 dias), e caiu sozinho. Só percebi quando fui trocar a fralda. Nesses dias ainda tivemos episódios como coco-jato de madrugada, coco na banheira, xixi na mamãe, escândalos durante a mamada porque o volume de leite é maior do que ela consegue beber, escândalo para dormir no berço, após passar o dia dormindo no colo e por aí vai.

Porém, acho que agora estou menos ansiosa e lidando com mais calma em cada situação. Além disso, conto com uma biblioteca que me socorre em momentos de apuro. E conforme prometido, segue o contato da enfermeira e dicas de leitura:

Miriam Leal, enfermeira obstetriz – (11) 99938-9586
Filhos da gravidez aos 2 anos de idade, Sociedade Brasileira de Pediatria
A Encantadora de Bebês resolve todos os seus problemas, Tracy Hogg e Melinda Blau
O Bebê mais feliz do pedaço, Dr. Harvey Karpp

Quando eu tiver mais um tempinho, volto com mais novidades. E quem quiser compartilhar suas próprias experiências, fique à vontade.


Até o próximo post.