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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Coisas que aprendemos na marra

Quando a gente diz que quer engravidar, ou mesmo fica grávida todo mundo só tem coisas bacanas para nos dizer. Dizem que ser mãe é a melhor coisa do mundo (e é mesmo).
Aí, a gente pergunta das coisas difíceis sobre ser mãe e o máximo que nos dizem é: “Ah, você vai passar a dormir menos”, ou “Aproveite para sair bastante agora, porque depois é mais difícil”... Então, a gente pensa que com a gente vai ser diferente, e que mesmo que seja só isso, a gente dá conta.

E não é só isso, não.

O que ninguém conta pra gente é que:

1. Mesmo tendo ajuda em casa, o tempo parece não render para nada. Principalmente nos 3 primeiros meses. A gente planeja fazer um monte de coisa, mas não consegue. Um dia é porque o bebê está com o sono irregular, outro é porque ele quer ficar no colo, outro é porque está demorando mais que o normal para mamar e por aí vai. Eu ainda sou super controladora e gosto de fazer todas as coisas da Oli sozinha, aí o tempo rende ainda menos. Então, aproveite bem o tempo livre e valorize os momentos nos quais você não tem absolutamente nada para fazer.

2. Aquela história de “aproveite para dormir enquanto o bebê dorme” é balela. Não conheço uma mãe que tenha conseguido fazer isso à risca. Até porque, quando o bebê dorme é a hora que temos para checar e-mails, olhar as redes sociais – e postar mil fotos fofas do bebê, ir ao banheiro, tomar banho, comer, retornar ligações perdidas, arrumar as coisas e por aí vai. Ah, vigiar o sono do bebê também ocupa espaço nessa agenda apertada. Então, se alguém te disser isso, apenas sorria, balance a cabeça e siga em frente.

3. Quando o bebê nasce, a gente parece se tornar invisível – para os outros e não para o bebê, que sente nossa presença mesmo que na sala ao lado. Isso porque ele é adorável, e vira o centro das atenções. Principalmente dentro da família. Aí, quando você chega com o bebê na casa da família, todo mundo corre para dar atenção ao bebê, e esquecem de te dar oi, perguntar se você está bem. E as conversas passam a girar em torno dos assuntos: sono do bebê, alimentação do bebê e fezes do bebê. Sim, falar de coco, mesmo durante as refeições passa a ser normal. E no começo você nem vai se importar, mas passado um tempo, começa a cansar e você também quer ter conversas de adulto, falar de política, falar da novela ou falar de qualquer outra coisa... E vai se sentir mal por isso.

4. Tem dias que parecem o “dia da marmota”. Sim, você passa dia após dia achando que está vivendo exatamente a mesma coisa. E fica com a sensação de que nada do que fez é importante ou vale ser contado durante o jantar, afinal, todo dia é “igual”. Isso passa, lá pelo 4º mês.

5. Nos dois primeiros meses, a vaidade sai de férias. Você pode passar o dia de pijama e nem perceber. Também é possível que você esqueça de escovar os dentes ou escovar os cabelos e só vai perceber quando chegar uma visita de última hora.

6. Amamentar é muito gostoso, uma vez que se tenha pegado o jeito. Até lá, é difícil pacas. Sim, há mães que parecem ter sido feitas para isso – e se for o seu caso, não faça parecer tão fácil, pois magoa a outra mãe - , mas outras pobres mortais, como eu, apanham no começo. No início é desconfortável, a gente fica insegura se o bebê está mamando o suficiente, o leite vaza, o cheiro do leite gruda na gente, o bebê dorme no meio da mamada (quando deveria dormir no berço para você poder fazer suas coisas)... Porém, no fim compensa.

7. Desmamar é ainda mais difícil. No caso da Oli tivemos que desmamar de sopetão, por conta da alergia alimentar. Mesmo com uma dieta rigorosa, ela não estabilizava e eu estava exausta de vê-la desconfortável. Aí, passamos ela pra fórmula de um dia pro outro. Eu sofri não apenas emocionalmente, mas fisicamente. Aliás, dica: se por qualquer motivo precisar desmamar seu bebê, sem que ele o esteja fazendo naturalmente, faça o desmame gradativamente. Eu tive até que tomar anti-inflamatório, por mais de 1 semana. Mas passou, o leite secou e o peito também.

8. Tem vezes que a gente sente que está sozinha. Principalmente no comecinho, o sentimento de solidão acompanhado de alguma tristeza pode aparecer. Mesmo que você tenha ao seu lado a melhor companhia de todas, a do bebê. Conforme ele começar a interagir mais com você, estes momentos tendem a rarear.

9. Ainda que tenhamos o enorme privilégio de desfrutar exclusivamente do dia a dia do bebê, a gente pode ter momentos nos quais achamos tudo muito injusto. Sim, porque no fim é a mãe que abre mão de muita coisa para ser mãe, mesmo que tenha ajuda. Isso porque, tem muita coisa que só nós mães podemos/sabemos fazer, até por conta do intensivão dos 4 meses. O pai vai continuar indo a happy hours, viajando a trabalho, praticando esportes e a mãe acaba colocando tudo em 2º ou 10º plano pelo bebê.

10. O primeiro filho é como um vazamento “oculto” de dinheiro. O dinheiro não rende, tem sempre coisa que precisa ser comprada e mesmo com muito planejamento, imprevistos acontecem. E aí, quem acha que foi muito esperto e comprou tudo da lista de enxoval mais famosa que circula pela internet percebe que não fez tão bom negócio. Afinal, cada bebê é um bebê, com necessidades específicas. E aí, corre vc pra comprar um monte de coisa nova para se adequar à realidade do seu bebê e aquelas lindas e “indispensáveis” do enxoval ficam de escanteio. (ainda faço um post sobre isso...)

11. A gente faz o nosso melhor pelo bebê e sempre vai aparecer alguém para te dizer como fazer diferente e melhor. Também vão cruzar o seu caminho as super mães, com seus bebês perfeitos que dormem a noite toda – inclusive, que adormecem sozinhos no berço – e não choram para nos fazer sentir absolutamente inábeis. E isso incomoda além da conta.

12. Mesmo quem sempre teve a melhor das memórias, passa a sofrer com esquecimentos recorrentes. Aqui, uso o discurso do meu obstetra, quando me queixei que eu andava esquecida, durante a gravidez: Isso não é verdade. A gente apenas passa a ter coisas mais importantes para pensar e lembrar. Acho que a privação de sono também exerce influência. (Falando sério, eu não sei o que aconteceu com a minha memória. E quem me conhece de antes de engravidar sabe que ela era excepcional. Agora vivo esquecendo tudo)

13. Algumas pessoas vão te dizer algo como “Nossa, você parece exausta!” achando que isso é um elogio à mãe dedicada. Eles não pensam nem por um instante que você pode entender algo como “Nossa, como você está acabada!”. Então a gente tem que aprender a abstrair. Deste e de muitos outros comentários que vamos ouvir.


14. Alguns amigos somem depois que a gente tem filhos. Principalmente os amigos que não estão nesta fase, nem perto. Isso porque a gente acaba tendo mais dificuldade para sair como antigamente. Minha dica aqui é tentar substituir os jantares fora e baladas, por almoços fora e jantares em casa, com os amigos.

15. A gente vai pagar peitinho inúmeras vezes, sem querer (não estou falando de amamentar em público) ao pegar no colo, abaixar, falar ou brincar com o bebê, e ninguém vai ter coragem de te avisar. Então, a dica é: evite decotes, camisas de botão sem uma regata por baixo ou blusas com a gola mais solta.

Este post (ultra mega longo) pode parecer meio negativo, mas não é. Este é um post humano, escrito por uma mãe de primeira viagem muito realizada para dizer que ser mãe é bem difícil.

A gente tem pressa para que tudo passe logo e depois fica morrendo de saudades. Isso é verdade. Eu não tenho saudades dos 3 primeiros meses, pois foram super difíceis. Porém, tenho saudades dela bem pequenininha, dela aninhadinha no meu colo para dormir ou para mamar, entre outras coisas. E dizem que no fim a gente esquece das coisas difíceis e apenas sente saudades. E aí vem a vontade do outro filho. Aqui em casa isso ainda não aconteceu... (ufa!)

Então, basta se preparar para a jornada e aproveitar cada instante, bom e ruim, e tudo que essa vivência tem para nos ensinar sobre sermos humanos.

2 comentários:

  1. Oi Teca, ela tem um olhar sempre muito expressivo, uma lindinha. Tudo aquilo que foi menos bom, a gente esquece e numa próxima vai se perguntar:
    Como foi mesmo?
    E com certeza será diferente. Beijos

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    Respostas
    1. Obrigada, Rosa. Ela é realmente muito expressiva.
      Você tem toda razão... tem coisas que se não fosse pelo registro no blog eu nem lembraria mesmo. beijos

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