Translate

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Convivendo com Babás

Antes que vocês perguntem, não, nós não contratamos uma babá para a Olívia. E este texto vem de uma vivência intensa com as babás dos outros, uma vez que sou mãe em período integral e nos locais que levo a Oli há sempre muitas babás.

Este texto propõe uma reflexão sobre o serviço de babá (e não digo que nunca teremos uma, pois não sabemos o dia de amanhã) e sobre como um serviço sem qualidade pode interferir no comportamento dos nossos filhos e na percepção que nossos filhos possam vir a ter sobre nós e eu já explico isso mais à frente.

Quando engravidei da Oli, e até antes, eu sempre dizia que não queria ter babá. Minha primeira ideia era coloca-la na escolinha, assim que eu voltasse a trabalhar. Bom, essa parte vocês já sabem – eu ainda não retornei ao mercado e continuo integralmente com a Oli. Sempre fui muito criticada por essa postura, que nunca pude colocar em prática (e não vou dizer que não continuo sendo criticada, por ter optado por ficar integralmente com a Oli. Nós mães, perante o julgamento alheio nunca acertamos, não é mesmo?)

E hoje, mais do que nunca, vejo que a decisão de não ter babá foi a que melhor nos atendeu. Não apenas por ter a oportunidade de conviver com tanta qualidade com a Oli, nem por não ter que dividir minha rotina e intimidades com uma pessoa de fora, mas pelo que tenho vivenciado em meus dias nas brinquedotecas e parquinhos da vida.

O que eu vejo são, em sua grande maioria, pessoas frustradas com sua área de atuação, com o salário que ganham, com a obrigação de criar e cuidar do filho dos outros, com o descaso e muitas vezes desrespeito da família e das próprias crianças. São pessoas que não estão 100% dispostas ou preparadas para tudo o que a profissão exige.

E isso se reflete em sua postura. Aqui vou relatar algumas passagens que pude presenciar a menos de 1 metro de distância:

- Enquanto fala ao celular, geralmente sobre quanto trabalho a criança cuidada dá e o quanto os pais dela não sabem lhe dar limites, a pequena cai do escorregador de cara na areia. A cuidadora não vê, até que a pequena venha com a boca cheia de areia lhe contar o que aconteceu. Basta lavar a boca com água, dar um tapa no bumbum para ir brincar e está tudo bem. Ela já pode retomar sua conversa no celular.

- Enquanto o pequeno brinca na areia, logo abaixo da cuidadora e sua turma de amigas, podendo ouvir tudo que se fala, a conversa gira em torno dos hábitos detestáveis dos patrões, experiências sexuais do final de semana, problemas pessoais e o quanto a criança é chorona.

- Enquanto passeiam de carrinho na praça, a turminha conversa sobre o aviso prévio da colega que finalmente vai se livrar daquela criança chata da qual cuida e quem dera elas terem a mesma sorte.

- A última experiência que me chamou a atenção foi uma babá que gritava com uma criança de 4 anos a plenos pulmões, depois de correr atrás dela e dar-lhe uns puxões para que a mesma ficasse no castigo conforme ordenado, por 4 minutos, é claro. (as amigas logo comentam: nossa, mas é sempre assim com ele, né?!)

Aqui estou apenas relatando apenas alguns acontecimentos públicos. Coisas que qualquer pessoa pode presenciar. Então, não consigo nem imaginar o que se passa quando ninguém está vendo.

E eu duvido que qualquer ocorrência dessas surja na presença dos pais. Na frente deles elas são prestativas, proativas e amorosas.

E aí vocês podem dizer, “Ah, mas se algo assim acontecesse, eu perceberia. Ou meu filho de 4 anos me contaria.”

Será? Faz 1 ano e 4 meses que convivo nesse meio e posso dizer que não tenho notado muita rotatividade nos locais que frequento. Quero dizer, tenho convivido com as mesmas babás e as mesmas crianças.

Destas cenas que presencio acima, muitas vezes também escuto a babá reclamar que a criança não dorme bem, que não come bem, que ela é muito chorona, ou muito quieta, que às vezes é violenta ou birrenta... E aí, será que isso não tem a ver com esse meio que a criança está vivendo?

Entendo que cada família sempre procura fazer o que julga melhor, e o que está dentro de suas possibilidades. Porém, cabe este alerta.

(E aqui, vale dizer: isso não se aplica a todas. Há exceções. Há quem cuide, brinque, converse, explique, atente e tudo com tanto carinho, que me faz ter fé. Fé que um dia, se eu precisar, conseguirei contratar uma pessoa assim.)

E como como garantir que a babá dos nossos filhos sejam tudo (ou grande parte) o que a gente deseja que elas sejam?


Eu não sei responder. E vocês?

OBS: Que fique claro que este post não critica de forma alguma a decisão das famílias por ter babá. Apenas proponho uma reflexão mais consciente sobre a qualidade do profissional, se não da pessoa, que se coloca dentro de casa para conviver e cuidar do que temos de mais precioso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário