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quinta-feira, 10 de março de 2016

Oli vai à escola - a 2ª semana da adptação

Ou também – a semana em que eu me senti um cocô todos os dias. E pelo que tenho acompanhado na minha timeline, tenho tantos amigos e conhecidos na mesma situação, que até me senti um pouco melhor.

Sim, se a primeira semana parecia ter sido uma adaptação gradual e relativamente tranquila, a segunda semana foi terrível.

Para dar o tom, começava pouco antes da hora do almoço o novo mantra “Oli não qué í pa icóla”, que deve ter sido ecoado mais de 100 vezes até a chegada no portão.

A segunda-feira já estava no radar como um dia tipicamente difícil, uma vez que o final de semana foi uma diversão sem fim, ao lado de gente querida. Porém, nada prepara a gente para o choro desesperado, quase que uma súplica para não ser deixada naquele lugar “estranho” com gente “estranha”, acompanhada de uma tentativa desesperada de nos escalar a qualquer custo.

Muito prazer, essa foi a minha segunda-feira da segunda semana de adaptação.

E com o coração em pedaços, segui firme, apoiada pela doçura absolutamente competente da professora. Ai, entra uma questão muito importante: um profissional preparado faz maravilhas. A professora da Oli é uma querida. Ela é um ser iluminado que consegue acalmar e dar segurança tanto à criança em prantos quanto à mãe em frangalhos.

E lá foi a Oli, de mãos dadas com ela, chorando mesmo. Lá dentro ainda demorou para se acalmar. E eu, sentada da recepção, com meu notebook no colo, tentando me manter ocupada. Passados 45 minutos me levaram para ver que estava tudo em ordem. E assim continuou.

A saída foi aquela festinha, com excessos de beijos e abraços. O que apaziguou meu coração. Fim do dia 1, da semana 2.

E no dia seguinte o choro se repetiu. E no outro dia também. E eu ali, tentando ser forte, sorrindo, dizendo que eu estaria ali na hora que ela saísse pelo portão, para mostrar para ela que estava tudo bem. Eis que todos começam a lançar involuntários olhares piedosos para a pitica, acompanhados de inoportunos “tadinha” ou “que dó”. Até aí, eu ia firme. Fingia que não era com a gente. Abraçava a Oli, dava um beijo, me despedia e a entregava à professora.

Eis que alguém resolve soltar a delicada pergunta: “mas você vai deixar ela entrar assim mesmo, chorando?

Gente, eu entendo que ninguém faz por mal. Que ver criança chorando é de dar dó. No entanto, entendam que nessas situações, a mãe talvez precise de muito mais apoio do que a própria criança.

E foi essa pergunta inofensiva que me fez buscar a orientação da escola para saber se eu estava fazendo alguma coisa errada. Contei do nosso ritual da manhã, com atividades tranquilas, da historinha antes da soneca, do almoço – momento no qual eu estava tentando tirar o habito de criar distração para facilitar o processo, da troca de roupa, escolha do lanche, ida para a escola... E estava tudo ok. Exceto por uma coisa: não era hora de criar mais novidades. Ou seja, remover as distrações do almoço nesta fase não fazia sentido.

Além disso, recebi como conselho evitar falar recorrentemente sobre a escola. Devia mencionar a escola e ver como ela reagia. Se fosse negativamente, mudaria o assunto. Isso porque as crianças são espertas e logo percebem o que nos importa ou aflige e passam a testar os limites justamente nesses campos.

Todo dia quando eu ia buscar a Oli, na volta de carro perguntava se tinha sido legal na escola, perguntava de alguma atividade que eu sabia que tinha acontecido e a resposta era sempre a mesma: “Oli chorou na icola. Oli queria colinho da mamãe”. Ai eu mudava o assunto, mesmo com coração apertado.

E todas as manhãs o mantra “Oli não qué í pa icóla” era repetido exaustivamente.

E eu fui seguindo a orientação da escola de tentar criar uma atmosfera agradável em torno da escola. Ela podia escolher qual brinquedo iria com ela, a gente ia cantando as músicas que ela gostava no carro e na porta da escola, mesmo sob o insistente mantra, eu procurava criar uma distração.

No último dia, sexta-feira, o choro finalmente cessou. E eu já estava exausta da semana. Porque acompanhar uma adaptação escolar com uma criança em prantos deixa a gente acabada, emocional, psicológica e fisicamente. Além disso, eu já estava pensando que segunda-feira começaria tudo de novo...

Minha gente, essa coisa de antecipar sofrimento é de lascar, viu?!

E sabe, se por um segundo eu achasse que ela realmente estava tendo problemas com a escola, não pensaria duas vezes antes de entender melhor ou mesmo encerrar o processo. Não era o caso. Todas as vezes que ia espiar (sim, porque tem que ter uma vantagem nesse chá de cadeira da adaptação), eu a via participando. Os feedbacks da professora e das assistentes era positivo. E a Oli mostrou uma super evolução em casa, mesmo em tão pouco tempo. Então, a rejeição em si era pela nova rotina. Pela privação de estar em casa ou no clube, ou fazendo qualquer atividade comigo.

Porém, de todas as experiências, a gente tira algum aprendizado. E há alguns pontos que eu identifiquei como geradores desse stress na adaptação da Oli:

- Ela é muito grudada comigo. Sim, eu sempre cuidei dela integralmente. Por conta disso, recomendo que quem vive a mesma situação que eu procure, se possível, criar oportunidades para a criança ficar sob os cuidados de outras pessoas randomicamente – tios, avós, padrinhos, amigos ou mesmo ajudantes do lar.

- A Oli sempre brincou muito comigo. Sim, ela sabe brincar sozinha numa boa, mas geralmente me solicita muito. Por isso, sugiro levar a criança em locais onde ela possa interagir bastante com outras crianças. E tente acompanhar de longe, para que ela possa se virar um pouco. (eu ainda me policio nisso. Faço o estilo mãe-helicoptero-light que fica muito perto para acompanhar)

- A Oli sempre foi o centro das atenções nas famílias, e tudo é feito à sua vontade. Isso é normal. Ela é fofinha, é pequena e é menininha. Na escola, ela divide a atenção com outras crianças e tem que seguir as regras de lá. Então, vale tentar uma conversa com a família para tentar minimizar esse pronto atendimento a todas as vontades. Quanto mais mimada for a criança, mais dificuldade ela vai ter de se encaixar em um sistema coletivo.

- Evite stress e situações desagradáveis perto do momento de ir à escola. Aqui, o almoço sempre é meio conturbado. A Oli demora para comer, faz a maior bagunça, e não quer saber de carnes em geral. E eu quero que ela coma bem para crescer e se desenvolver. Então a gente acaba tento alguns tropeços nesse momento. E notei: manhã estressante, entrada na escola terrível. Ai, passei a deixar ela comendo no tempo dela. Não quer, não come. E mando um lanche reforçado e no jantar supro tudo o que faltou no almoço. Sim, não é o ideal. E tem dias que ela come super bem e outros que come 1/5 do que deveria. Mas vamos indo.

E se fazendo tudo o que você acha certo, ainda estiver difícil a adaptação, não hesite em procurar a ajuda da escola. A direção, orientação e os professores estão lá para isso.

Acima de tudo, confie em você e encha os pequenos de amor e carinho. Porque só assim é possível passar segurança e criar o ambiente sadio que eles tanto precisam.

Agora, já estamos na 4ª semana de adaptação. Nessas ultimas semanas está sendo feita uma nova transição com a Oli, pois ela se apegou demais à professora e precisa se ligar às assistentes e aos coleguinhas também. É um trabalho delicado e gradual, no qual estamos todos empenhados. 

Posso dizer: as coisas ficam mais fáceis com o tempo. Alguns dias são tranquilos, e outros não. E sempre vale lembrar: é uma fase. E logo passa.


Então, fique firme, fique bem e confie em você.

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